sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Matusalém



     Hoje sou Matusalém, deitado nas costas das sombras do além.
Onde vi nascer anos cruéis e anos bons vividos tão bem.
Talhei a vida a unhas,
Fui à voz no deserto dos tempos esquecidos e perdidos.
Com a eternidade ganha-se a inocência,
E a influência dos distorcidos.
As certezas não são importantes, nem são nossas propriedades.
Não detemos o poder, nem somos donos da verdade.
Vi Maria semear um campo quase infinito de amores perfeitos,
 E colher em suas manhãs flores frias de solidões.
Feriu-se a pobre Maria entre as trepadeiras dos caramanchões.
Vi a Medusa adormecer em sua cabeça, as velhas serpentes.
Vi quando as mastigou e as prendeu entre os dentes.
Segui os antigos relógios nas paredes, armei as minhas redes.
Eternizei-me em abraços, ganhei meus espaços, e agora os solto no ar…
Não há novidades no voar…
Fundi meu espírito com o espírito do tempo
No meio do pensamento
Sou como um pobre poeta, de alma aberta.
Que ainda busca
Mas sou pobre, sem sal ou açúcar...

 Poema de Janaina Cruz
Musica de Leandro Medeiros.

a palavra que canta

oi